quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

APNÉIA DA ALMA

Às vezes eu acerto nas atitudes com as pessoas. Isso me dá gotas de satisfação, e é bom. Como se minhas células brindassem internamente, sem saber exatamente o que está acontecendo lá dentro, apenas sentimos que algo está bom. E então, por que não mais do que gotas? Eis a questão. Quando respiramos, na expiração largamos gás carbônico para as plantas, elas por sua vez nos devolvem oxigênio. Não pedimos essa reciprocidade, a natureza faz com que simplesmente aconteça. Há quem diga que a natureza viveria bem sem o ser humano. Afinal, os animais liberam o tal gás carbônico e além disso as plantas invertem a necessidade de gases a noite.
Aonde buscamos oxigênio? Quem já brincou de prender a respiração sabe da aflição que dá ao passar dos segundos. E se não largar o ar e respirar, pode ocorrer sérios danos cerebrais, talvez até óbito.
Será que é por isso que nossa geração caminha dia após dia nessa aflição, todos estressados, sem respeito, sem pudor, com consciência teórica e não prática(de valores, de essência), egoísmo. É o mesmo gás carbônico o tempo todo circulando no sangue. Correndo o risco de lesão mental levando a morte da alma(onde os sonhos e desejos tem vida própria).
Quando falo que preciso respirar, me mostram no Wikipédia de onde vem o ar. Como um conselho amável: “Te vira, tenho mais o que fazer”.
Não quero ler sobre o ar, quero fechar os olhos e senti-lo. Não exijo de ninguém, pois não o faço aos outros.  É um círculo vicioso. Sei que preciso mas também não dou?! Talvez postar frases fofinhas no Facebook mostrem minha intenção altruísta, que piada né!
Vou dar um exemplo lamentável. Falo de consciência teórica e não prática. No sentido de que sabemos que o ser humano é um ser sociável e necessita de gestos e atitudes de bondade, sem pedir algo em troca. Como Luther King que morreu sem ver seu legado cumprido. Em 1986, foi estabelecido um feriado nacional nos Estados Unidos para homenagear Martin Luther King, o chamado Dia de Martin Luther King - sempre na terceira segunda-feira do mês de janeiro, data próxima ao aniversário de King. Em 1993, pela primeira vez, o feriado foi cumprido em todos os estados do país. Um pequeno gesto em consideração ante uma vida de sofrimento. Ele sabia que teria recompensa suas atitudes, não para si próprio, mas sim às gerações futuras.
“Uma vez uma senhora estava andando na periferia de uma cidade, perto do lixão. Ouviu um choro de criança e não pensou duas vezes. Foi procurando até onde seus olhos podiam e seus ouvidos a levava. Encontrou um bebê abandonado nu sob um monte de lixo. Imediatamente ela subiu na pilha de lixo, agarrou a criança, tirou o manto que usava e o enrolou. Nesse instante outra senhora passou vendo toda a cena, parou e com ar de nojo fala: ‘Eu não faria isso nem por todo o dinheiro do mundo!’. Madre Teresa de Calcutá responde com um ar sereno: ‘É, eu também não!’.
Outro exemplo “lindo”: Tenho um sobrinha de 2 anos que amo muito. Ela sempre pára na minha frente e pede: “Titio, dá chiqué?”. Nunca nego, mesmo que eu fique sem, pois a amo. Mas o exemplo está aqui. Antes de dar, faço ela me dar um abraço e um beijo. Ou seja, estou ensinando ela a fazer trocas com gestos que não se compram, se conquistam ou se dão por gratidão, por gostar, por amar.
Não posso dar oxigênio a ninguém, mas posso levar até onde as árvores sorriem silenciosamente(atitudes de altruísmo). Assim, juntamente com quem eu levar, eu respirarei, e talvez tenha um riacho ali por perto, onde não serão mais gotas, mas o quanto eu puder beber.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Me falaram que cresci...

Meu meu peão não gira mais, meus bonecos ficaram sedentários e se cansam logo de dar chutes e saltos acrobáticos. Venceu os IPVA's do meus carrinhos ultravelozes. Onde, de uma torre que eu observava e dava tiros nos inimigos, hoje tem só um simples pé de ameixa. Roubaram do meu pai aquela roupa azul com capa vermelha que só eu via. Aquelas criaturas abomináveis com três olhos, cabelos compridos e sujos, unhas compridas e desformes, boca cheia de feridas e salivando, corpo com partes de escama e partes alienígena, com cheiro de churume. Monstros que sofreram metamorfose e se trasnformaram em seres que fazem fazer sentido algumas reações até então não sentidas. Mudaram algumas coisas simples para algumas que eu não conhecia, e mais complicadas, tipo; de brincar sem limites, para ter responsabilidade; de ser sempre sincero, para ter pudor; de ser inocente para ser incrédulo; de estar sempre pronto, para ser egoísta; de compartilhar meus devaneios, para guardá-los num baú qualquer. Pois simplesmente me falaram que eu cresci! Às vezes passo por um campinho de terra batida; por guris com bodoque, em frente a uma escola primária no horário do “recreio” se divertindo com intensidade como se só aquele momento importasse. Me falaram que cresci...

quarta-feira, 25 de maio de 2011

PARABÉNS! Você conseguiu estar vivo mais um ano!

Bah, ontem tu, e o grande Dylan, completaram mais um ciclo de vida
E não me manifestei.
Sinceramente, não concordo totalmente em dar parabéns por fazer aniversário.
Não totalmente. Mas por uma pequena questão que não é observada, porém vital.
Pois há, extremistas, que dizem que não fazemos nada para comemorarmos aniversário.
É apenas um curso inevitável.
Mas a parte que digo que uma pequena parcela disso; é mérito nosso, é que nos cuidamos um pouco para que isso aconteça.
Se não atravessamos a rua sem olhar aos lados, evitamos nossa morte precoce.
Se não pulamos de pára-quedas, não corremos mais um tipo de risco de morrer.
Se não batermos a cabeça, não teremos um traumatismo e uma, possível, morte.
Logo, uma pequena parcela cabe a nós a competência de fazer aniversário.
E talvez por esse motivo comemoramos. Pelo sucesso de nossos frágeis empenhos no, simplesmente, “manter-se vivo!”
Desse modo, e não de uma forma errônea, ou uma convenção social padrão é que te dou os PARABÉNS!!!

À minha grande amiga Júlia Fedrigo de Alburquerque que está sempre pronta a "ouvir" minhas aflições da sociedade.

sábado, 9 de abril de 2011

CALA A BOCA E PENSA PÔ!

Desde sempre o ser humano é inconformado com sua atual situação. Seja emocional, financeira ou até mesmo social. Sabemos que a identificação com grupos, tribos, povos é algo necessário, é intrínseco. E é claro, para haver isso, tem que ter alguém ou algo como referência. Um alguém que diga: “até aqui é azul, dali em diante é roxo”. E então acontece a escolha, a diferenciação.  Pesquisas dizem que apenas 5% das pessoas nascem com ímpeto de liderança. E os demais apenas os seguem.
E aqui quero defender um ponto de vista tão inversamente clichê.
Você fala mal da Globo(emissora televisiva), diz que ela é manipuladora, que é sensacionalista, não fornece cultura e por aí vai. Eu diria que é uma excelente indústria! Muito bem equipada, com uma boa publicidade, um bom marketing, um bom nome, muito lucrativa... Está atenta ao seu público alvo.  
Você que não gosta dela, não consuma. Você não é o público dela. É o mesmo que reclamar do sabor de um produto dietético, quando ele é destinado a pessoas diabéticas.
Acha ruim ver BBB, novela, Zorra Total...? Também acho. Mas graças a outras pessoas que pensam antes de falar algo contra alguém, que existe fontes de entretenimento adequadas segundo os desejos e necessidades de cada um.
Incoerente difamar alguém que passa uma programação para seu público alvo, mas também passa o jogo do meu time que aguardo a semana inteira e assisto feliz(reclamando do narrador).
Faz assim, pensa um pouco antes de falar da 4ª maior emissora do mundo, que por sinal é do Brasil. É uma indústria, e não sua mãe fazendo seu leitinho morno com biscoito.
Isso vale também para aqueles que acham ruim a Nike ter fábricas na China e Vietnã. Dizendo ser trabalho exploratório. Podemos fazem o seguinte: Fechamos a Nike lá, abrimos uma conta e depositamos um salário todo o mês para os trabalhadores, assim você fica feliz.
Só não deixa de conferir os modelos novos que os coitados, explorados, miseráveis, fazem para você estar retrô, alternativo, esportista , bonito, confortável e na última moda, ok?!   
Para seguir algo ou alguém é bom pensar um pouco antes.

quarta-feira, 2 de março de 2011

The Time is Money!


 Estamos acostumados a ouvir que dinheiro não compra felicidade, ou algum outro sentimento. Ou mesmo a saúde. Com uma breve reflexão constata-se que apenas em parte é um ditado verdadeiro. Mas não é o ponto no momento, então cala a boca e ouve pô!.
 Há outro quesito que estamos acostumados a ouvir/saber que dinheiro não compra, TEMPO.
Devo discordar com essa crença milenar, por respeito a minha consciência.
Afirmo que TUDO, vou repetir, TUDO o que compramos na verdade é tempo.
Apenas 3 exemplos:
1-      1- Quando pagamos  40 mil reais por um carro, é pelo fato de eu não ter 800 anos de idade e, desprender esses anos todos para a ciência de extração de minério, fabricação de vidro, borracha, combustíveis, óleos, estofados..., enfim, imagina quantos componentes há em um automóvel! Se soubesse disso tudo, iria eu mesmo na natureza “colher os ingredientes” e faria. Enquanto escrevo há pessoas vendendo seu tempo montando um modelo qualquer para eu fazer outras coisas. Agora imagina eu querer um carro; uma casa com, tv, sofá, condicionador de ar, geladeira com Coca-Cola, pizza, molho shoyu...um IPad! Quanto tempo eu levaria para fabricar, confeccionar tudo isso? Uns 10 mil anos? Mais, menos... sem contar as máquinas para fazer outras máquinas, tecnologias... Vendemos tempo para comprar tempo.
2-      2- Saúde, essa é fácil. Ninguém quer morrer.  Nem precisa comentário.
3-      3- Informação, também é fácil. Você me diz: “Vou à faculdade aprender, e demora o tempo de 4 anos. Pago para ter informações e não tempo. Até por que demora, do contrário seria mais rápido!” E então pensemos quanta informação foi acumulada para várias pessoas desprenderem tempo com seleção e sistematização dessas informações. Vamos combinar que quatro anos é pouco.
Se eu não morresse antes dos cem anos, não iria precisar de dinheiro.
 Mais claro que isso, só se for explicar para focas. 

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Ser; ou não ser

Sejamos adultos. Quem realmente está aí para tudo que digo ou escrevo aqui? A ideia da utopia cabe mais.
Vamos colorir os pilares da hipocrisia de mãos dadas e dar pulinhos ensaiados na frente do espelho.
Quando as cores desbotam, simplesmente negociamos valores. Como um cambista bem intencionado(existe isso?). Assim como existem os "Da Vinci", existem  os amadores e os que nem se dão ao trabalho de pegar o pincel direito. Mas de qualquer forma, podemos comprar prontos os valores, a retórica, a magia, o portal da surrealidade, como aqueles adesivos decorados. Como um tênis, é só escolher o número adequado, quando não servir mais;  joga fora e compra outro. E mais,  permitir quem nos compra. Se é um americano consumista ou um oriental com princípios corrompidos.
E, assim como fazemos, talvez eles também deixem a etiqueta dizendo que é importado (dá mais status).
Sepulcro caiado. Belas lápides, mas a cova está podre.  Alguma surpresa? Lógico que não. Somos uma farsa. Sim, uma farsa.  Os adultos chamam isso de pudor e conveniência, já as crianças chamam de sinceridade.
Só deixamos o pseudônimo,avatar de lado quando fechamos os olhos. 

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

A vida como ela é

...e daí outro dia passamos numa estrada, não muito distante, próximo a terra dos alunos, e vimos um entrevero de cães. Estávamos, não com muita pressa, mas na velocidade que todos andam. Um cheiro muito desagradável pairava no ar. Logo deduzimos precipitadamente um animal qualquer morto. Não nos importou o que era, pois tanto faz, é apenas mais um que se vai. Mas pelo fato de passarmos pelo local,  observamos sem muito interesse; eram quatro cães vivos e um morto.
Um deles  andava de um lado para o outro no meio da rua. Como alguém que pensa em tudo mas não pensa em nada. O segundo estava ao lado sentado, com uma respiração tão intensa que um infarto  era eminente, seu suor era tanto que se misturava com uma saliva espalhada desordenadamente. O terceiro cão de longe chamava a atenção, pois ele gemia, latia como um grito de desespero, de pedido de socorro. Pulava com as palas sujas de um cão comum de rua, sobre o peito sem fôlego , como quem faz massagem cardíaca dava uns breves intervalos e continuava; lambia aquele rosto inerte de tal forma que num dado momento deu para ver os dentes brancos e parelhos. Que bela dentição tinha aquele moribundo vira-latas  que a tempos anarquizava as ruas, os lixos das redondezas juntamente com seus fiéis e inseparáveis amigos, vivendo na liberdade, longe de problemas, pudores e preconceitos.
A medida que me aproximava daquele cenário, lembranças e fatos vinham à minha mente.
E por fim, o quarto amigo foi o que não esqueço. Veio cabisbaixo, lentamente, com passos de quem não quer andar. Como não quis me aproximar (por que  o cheiro não deixava, mas isso não era notado, afinal, era um amigo), era difícil discernir o que trazia na boca. Prestando atenção em todo o contexto, me deparei com uma cena que possivelmente não verei mais. O objeto era um osso sujo que ele largou em frente o focinho frio, com a delicadeza de um beija-flor pairar no ar. Largou o osso, deu dois ou três passos para trás, dobrou as patas da frente primeiro, deitando aconchegado ao peito do seu melhor amigo desde a infância. Lembrando de momentos que passaram juntos, quase atropelamentos, restos de comida que dividiram para não passarem fome, dormindo na chuva, desprezados por todos. Respirou bem fundo como quem diz: ”Vá em paz meu bom amigo...”
Quando fui refletir sobre esse último “ato”, de um sobressalto o defunto ficou em pé e todos os cinco cães apontaram o dedo para mim e gritaram: “Ráh!! Enganei o bobo na casca do ovo!!”. Aí nesse instante acordei num pulo todo suado e levemente mijado...